segunda-feira, 11 de abril de 2011

Dos males o menor

Esta postagem é uma conversa entre um professor e dois rapazes e nos traz à tona uma das dúvidas mais frequentes dos adolescentes. foi extraída da Revista O Recado, n°16 agosto de 1980 e escrito por Carlos França.

Os dois amigos adolescentes e se professor lanchavam juntos no barzinho da escola. aproveitando-se do ambiente quase vazio e do rumo que a conversa tomara, Mário arriscou dizer:
- Professor, posso lhe fazer uma pergunta indiscreta?
- Claro que pode! respondeu prontamente.
- É uma pergunta meio cretina, não faz mal? insistiu o rapaz.
- Nenhuma pergunta é cretina quando ela se reveste do desejo de aprender.
A resposta do professor encorajou o rapaz e este lhe perguntou com decisão:
- Masturbação é pecado?
- Pecado/ perguntou ele um tanto surpreso.
logo em seguida indagou novamente:
- O que você acha que é pecado?
Mário pensou um pouco antes de responder.
-É...digamos assim...uma ofensa a Deus.
- Não, pecado não é isso, uma vez que Deus não se ofende com as estultices humanas.
- Estultices? - perguntou o adolescente ignorando o significado do termo.
- Quer dizer: tolices, idiotices, burrices - respondeu o professor.
-Então masturbação é uma idiotice? - indagou Mário.
- Bem...- ponderou o mestre - não é bem idiotice. Desculpe-me, acho que fui infeliz na escolha do termo.Digamos que seja...
- algo anormal? - tentou Mário para completar o pensamento do professor amigo.
- também, não - disse o homem. nem idiotice, nem anormal, digamos...dos males o menor.
- Como assim? - perguntaram os rapazes quase que ao mesmo tempo.
- Vejam bem, entre masturbar-se e procurar contato com a prostituta(nem sempre isenta de doenças venéreas) ou aprontar com a namorada ou alguma moça de família, ou mesmo envolver-secom homossexuais, evidentemente, a masturbação é destes males o menos, concordam?
- Claro que sim! respondeu Alfredo. Além do que masturbando-se a pessoa erra sozinha, não se envolve e nem se complica com alguém.
O professor concordou com o jovem e prosseguiu:
- É compreensível que na puberdade, ou seja, na idade que vai dos onze ou doze anos até os quatorze ou quinze, devido ao aparecimento um tanto ou quanto explosivo do sexo dentro de nós, a masturbação seja utilizada como alívio das tensões sexuais. É, por assim dizer, uma válvula de escape, enquanto durar esta fase de transformação do menino em rapaz.
- Quer dizer que masturbar-se é normal? - indagou Mário.
- Bem, a verdade é que ao menor descuido torna-se anormal.
O professor amigo, sabendo que logo após a afirmação, viria um porquê, já foi logo providenciando um exemplo.
- Quando estamos com "aquela" fome de hora de almoço,sentar-nos à mesa e comermos um ou dois pratos da nossa comida preferida é algo bastante normal, vocês não acham?
- Uh, se é! não só normal como muito gostoso também - respondeu um dos rapazes.
- Agora, se ao invés de um ou dois comermos dez ou quinze pratos de comida, já se torna uma anormalidade, correto?
Foi Mário que respondeu:
- Não precisa dez ou quinze, três ou cinco já é uma anormalidade convidando uma excelente indigestão para dar um passeio pela nossa barriga.
Alfredo foi mais sério na resposta e mais rápido em outra pergunta.
- Compreendo o que o senhor quer dizer. O excesso então é que é anormal, não é verdade?
- Exatamente.Quando nos excedemos demais, caímos no campo da anormalidade. Atá jogar bolinha de gude em excesso pode se tornar anormal, uma vez que nos deixemos ficar totalmente dominados por tal jogo a ponto de perdermos o controle da nossa vontade sobre ele.
Mário observou adequadamente:
- Já vi que o importante mesmo é não perdermos o controle sobre nossas ações. Nossa força de vontade deve nos fazer senhores de nossos atos e não escravos deles.
- Não há dúvida seu Mário - disse o professor. Prova disto que você falou, e muito bem falado, são as pessoas viciadas que passam a ser comandadas pelo vício e não pela própria vontade .
Alfredo confirmou as palavras do professor.
_ O senhor tem razão, pois conheço uns colegas que começaram a fumar em bailinhos, festinhas, só pra fazer charminho e acabaram viciando-se. Agora, estão dominados pelo cigarro, estão desesperados para largar de fumar e não conseguem. A vontade deles perdeu a parada para um tubinho brancoque faz fumaça queimando o dinheirinho da mesada dos caras.
-Considerando essas coisas ai que falamos - disse Mário - o cara pode viciar-se em masturbação também, não pode professor?
- Claro que sim,Mário. É quando o rapaz ou a moça, perde o controle, não obedece á razão , cai no excesso, no vício e se prejudica física e mentalmente.
- Mentalmente, também? - perguntou Mário.
- Claro! o esforço da mente utilizado para a estimulação do órgão sexual; a concentração do pensamento para se chegar ao clímax e a imaginação tantas vezes empregada para substituir o sexo oposto ausente, provocam um desgaste mental fabuloso.
- Este desgaste mental - prosseguiu - deixa o rapaz ou a moça sem ânimo para nada, apáticos, desanimados, sem vontade para coisa alguma. a energia mental desperdiçada na masturbação constante seria muito mais proveitosa se aplicada nos estudos, nos esportes ou nas artes em geral.
O assunto parecia interessar profundamente aos dois amigos, pois, de uma forma ou de outra, o problema lhes tocava bem de perto, uma vez que atravessavam uma fase da vida na qual as ciladas do sexo e as informações distorcidas a respeito eram muitas; informações tais que,quando mal intencionadas, eram, portanto,pervertidas, depravadas, deixavam inúteis sentimentos de culpa nos adolescentes.
O professor amigo sabia que era muito difícil para os jovens de hoje, fartamente bombardeados por todas as formas possíveis de evidenciar o sexo, conseguir um auto-domínio perfeito, uma castidade absoluta. Por esta razão falava do ato de masturbar-se como um mal menor, um ato que não envolvia outras pessoas, entretanto, deixava claro que, mesmo nisso, havia o perigo do descontrole individual.
Mário que não deixava nenhuma pergunta à toa na sua cabeça, continuou o assunto:
- Professor, vem cá, como é que o adolescente vai ficar sabendo o quanto deve masturbar-se ou não, para evitar o excesso prejudicial?
O professor gostou da pergunta de Mário e respondeu:
- Sua pergunta é interessante, Mário, entretanto devo dizer-lhe que é impossível determinar quantas vezes por semana ou por mês, pode o jovem masturbar-se.
- Ue! por que não? - indagou Alfredo ansioso. (continuará em breve essa história).